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sexta-feira, 21 de maio de 2010

BATALHA DO MONTE DAS TABOCAS - Breve histórico III parte

Dias Cardoso na batalha do Monte das Tabocas

Na memorável batalha do Monte das Tabocas, em que um sonho de Sentimento de Pátria se tornou um sentimento real, através de uma vitória militar, dela estiveram ausentes os grandes restauradores de Pernambuco, Barreto de Menezes, Henrique Dias, Vidal de Negreiros e Filipe Camarão.

Esteve presente somente o líder civil do movimento, Fernandes Vieira, que por não possuir habilitação militar, ficou encarregado de comandar a Reserva, constituída de bravos pernambucanos armados de bordões e de paus tostados utilizados à guisa de chuços.( uma espécie de lança).

No Monte das Tabocas, Dias Cardoso com 900 civis pernambucanos transformados num pequeno exército, e bem conduzidos militarmente, dentro dos Princípios de Guerra, venceu apreciável parcela de um grande exército profissional europeu de 1.500 homens.

Aos holandeses armados com 1.200 modernas armas de fogo e comandados pelo Ten CeI Hendrick Haus, Comandante em Chefe dos holandeses no Brasil, Dias Cardoso se opôs com 250 armas de fogo das mais diferentes espécies, e impôs sua vontade ao inimigo.

Dias Cardoso, segundo depoimento de André Vidal de Negreiros, foi por ele indicado ao Governador Geral do Brasil Antônio Teles da Silva, para ser enviado secretamente a Pernambuco, com a missão de organizar militarmente os pernambucanos num pequeno exército, e, em intima ligação com Fernandes Vieira, o catalisador da reação insurrecional.

E a razão da escolha, segundo Vidal de Negreiros, prendia-se a sua competência militar, coragem invulgar, discrição, e profundo conhecimento de Pernambuco.

Munido de documento que simulava ser um desertor, Dias Cardoso, acompanhado de quatro companheiros, viajou 160 léguas da Bahia a Pernambuco, enfrentando toda a sorte de privações e perigos de vida constantes, ao atravessar regiões dominadas por índios e negros revoltados, e ao atravessar a nado rios caudalosos, para evitar ser pressentido pelo inimigo.

Chegando a Pernambuco, se apresentou a Fernandes Vieira, dando-lhe conta da missão e do dispositivo holandês ao longo do itinerário.

A seguir, escondido pelas matas e engenhos, pelo espaço de seis meses, entregou-se à tarefa de recrutar e treinar militarmente patriotas pernambucanos. Enfim, a dar corpo ao pequeno exército que derrotaria o inimigo do Monte das Tabocas.

Este pequeno exército [pode ser hoje considerado, sem sombra de dúvidas, a "Célula Matar" o Exército Brasileiro, e Dias Cardoso seu organizador e primeiro condutor no caminho da vitória.

Chegando em Pernambuco Dias Cardoso foi elevado à condição de Governador das Arma. Pressentido pelos holandeses, estes moveram lhe intensa caça, obrigando-o, segundo Fernandes Vieira, "a viver escondido nas matas durante sete meses, adestrando sua tropa", até que fosse decidido o levante restaurador, já na certeza do respaldo militar do exército organizado por Dias Cardoso.

No levante decidido em 23 de maio de 1645, através de Compromisso de Honra, firmado por Fernandes Vieira e mais 18 companheiros, constou pela vez primeira a idéia do sentimento de Pátria ou Nacionalidade ,através deste trecho:

"Nós abaixo assinados, nos conjuramos e prometemos em serviço da liberdade, não faltar em nenhum tempo, com toda a ajuda de fazendas (Engenhos) contra qualquer inimigo (incluía até Portugal) na Restauração de nossa Pátria".

Neste exato momento surgiu documentado o Sentimento de Pátria aqui no Brasil, respaldado na força militar que havia sido organizada e treinada nos seis meses anteriores a este Compromisso de Honra, e sob intensa perseguição holandesa, nas matas e engenhos do interior de Pernambuco.

E aqui cabe perguntar aos leitores à semelhança da célebre questão filosófica "quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha?". Quem nasceu primeiro, o sentimento de Exército Brasileiro ou o de Pátria Brasileira?

O Sargento- Mór Antônio Dias Cardoso, antes e após a Batalha do Monte das Tabocas, na qualidade de militar profissional, "prestou assinalados e heróicos serviços militares".

Nascido no Porto no início do século 17, transferiu-se ainda jovem para o Brasil, terra que adotou como Pátria.

Em 7 de fevereiro de 1624, ele assentou praça como soldado na Bahia e participou ativamente da expulsão dos holandeses daquela parte da colônia, "servindo à causa com muita competência e honradez".

Quando da invasão de Pernambuco, participou de diversos combates contra os holandeses nos arredores de Olinda e Recife.

Em 1630, na Campina do Taborda, tomou parte numa emboscada, sendo, então, um fator decisivo para a vitória, "ao enfrentar o inimigo em campo aberto e a espada, ferindo e aprisionando muitos". .

Lutou com grande valor em Salinas, Olinda, Afogados e na Praia do Recife, e nesta, durante sete horas em campo raso, em pugna da qual resultaram muitos mortos e feridos de ambos os lados.

Após 11 anos, como destacado e valente soldado, foi galardoado com o posto de Alferes no ano de 1635. Nesta ocasião se encontrava em Serinhaém juntamente com Matias de Albuquerque.

Com a perda do Arraial Velho do Bom Jesus e de Nazareth, 4.000 habitantes da campanha foram obrigados a marchar para Alagoas sob proteção militar. Dias Cardoso foi elemento fundamental nesta proteção.

Nesta marcha participou com destaque, no ataque, cerco e rendição dos holandeses fortificados em Porto Calvo, ocasião em que foi preso e justiçado o traidor Calabar.

Extinta sua companhia em 1636, ingressou como soldado na companhia do Capitão Sebastião Souto, o mais audacioso, temível e intrépido comandante de Pernambuco, considerado o mais extraordinário mestre em Guerra de Emboscadas e ataques de surpresa, ou na Guerra Brasílica.

Em 18 de maio de 1638, vamos encontrar estes dois bravos defendendo a trincheira de Santo Antônio, em Salvador, ocasião em que foi morto o intrépido Sebastião Souto. Sucedeu-lhe no comando da companhia e à altura, o bravo Dias Cardoso.

Extinta esta destacada unidade, ingressou na do terço do Capitão André Vidal de Negreiros, de quem pouco após seria Ajudante.

Acerca de sua valiosa participação na luta contra os holandeses, no período de 1630-1639, assim o elogiou uma alta patente militar da época:

"Com assiduidade, cumpriu com valor seus deveres militares, quer por ocasião de combates com inimigo por terra e por mar, quer em outros serviços particulares que lhe atribuíram. Neste período marchou com freqüência muitas léguas à procura de combate com inimigo, à custa de muitos trabalhos, sofrimentos e riscos de vida, atento mais ao serviço do Rei que à sua própria sorte. Trabalhou nas muitas fortificações que por aqui se fizeram, carregando terra e faxina para a construção das mesmas. Antônio Dias Cardoso foi um dos que prestaram os mais relevantes serviços a Portugal naquela guerra".

Em 1640, o Governador Geral do Brasil, sabedor do valor de Dias Cardoso, o enviou a Pernambuco. No comando de um barco veio com a missão de espionar o dispositivo e intenção dos holandeses no Recife, correspondendo no resultado da missão, segundo o próprio Governador Geral, "de acordo com a confiança que nele depositei".

Pouco após seria reformado como capitão, situação em que se encontrava quando foi indicado ao Governador Geral Teles, por Vidal de Negreiros, como homem certo para organizar o Exército da Restauração Pernambucana, "Célula Mater" do Exército Brasileiro, hoje representado no Nordeste pelo Comando Militar do Nordeste .

Após a batalha da Casa Forte, da qual foi o arquiteto inconteste, participou ao lado de Vieira, Henrique Dias e Camarão, da parte mais árdua e perigosa, do violento ataque à Vila da Conceição, na Ilha de Itamaracá.

Dias Cardoso foi o único comandante a penetrar no recinto fortificado, e obrigado a recuar sob forte reação do defensor, deixou em sua esteira os corpos de 67 compatriotas, incluindo-se 30 holandeses do terço flamengo ao comando do Mestre de Campo Dirk Van Hoogrtraten, que, após se renderem no Pontal, aderiram à causa Iuso- brasileira.

Segundo o próprio João Fernandes Vieira, Dias Cardoso participou de inúmeros ataques e contra-ataques nos Afogados, "ordenando e dispondo as forças de combate na maior ordem".

Em junho de 1646, ao lado de Vieira e de Vidal de Negreiros, tomou parte da ação que culminou com o aprisionamento de três embarcações flamengas fundeadas entre Itamaracá e o Continente, o que ocasionou o abandono holandês da "Cidadezinha de Schkoppe" na referida ilha.

Após, foi encarregado de atacar e arrasar as fortificações da Ilha de Itamaracá, no que procedeu com a eficiência e coragem costumeiras.

Da ilha, após ingentes sacrifícios, utilizando barcos, batéis e jangadas, fez transportar para o Arraial Novo do Bom Jesus e outros sítios, 18 peças de artilharia conquistadas ao inimigo.

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Flávio José - A natureza das coisas.

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