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sábado, 18 de dezembro de 2010

UM PRESENTE PARA MEUS AMIGOS DA NET.




PAZ, AMOR , ESPERANÇA, CONFIANÇA, PROSPERIDADE, BONS RELACIONAMENTOS...  TUDO DE BOM NESTE ANO QUE VIRÁ.




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domingo, 14 de novembro de 2010

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA.

                                                                              Dom Pedro II e o Marechal Deodoro da Fonseca

 Em 15 de novembro de 1889 foi proclamada a república do Brasil.
Na época, o país era governado por D. Pedro II e passava por grandes problemas, em razão da abolição da escravidão, em 1888.
Como os negros não trabalhavam mais nas lavouras, os imigrantes começaram a ocupar seus lugares, plantando e colhendo, mas cobravam pelos trabalhos realizados, o que gerou insatisfação nos proprietários de terras.
As perdas também foram grandes para os coronéis, pois haviam gasto uma enorme quantidade de dinheiro, investindo nos escravos e o governo, após a abolição, não pagou nenhuma indenização aos mesmos.
A guerra do Paraguai (1864 a 1870) também ajudou na luta contra o regime monárquico no Brasil. Soldados brasileiros se aliaram aos exércitos do Uruguai e da Argentina, recebendo orientações para implantarem a república no Brasil.
Os movimentos republicanos também já aconteciam no país, a imprensa trazia politização à população civil, para lutarem pela libertação do país dos domínios de Portugal. Com isso, vários partidos teriam sido criados, desde 1870.
A Igreja também teve sua participação para que a república do Brasil fosse proclamada. Dois bispos foram nomeados para acatarem as ordens de D. Pedro II, tornando-se seus subordinados, mas não aceitaram tais imposições. Com isso, foram punidos com pena de prisão, levando a igreja a ir contra o governo.
Com as tensões aquecendo o mandato de D. Pedro II, o mesmo dirigiu-se com sua família para a cidade de Petrópolis, também no estado do Rio de Janeiro.
Porém seu afastamento não foi nada favorável, fez com que fosse posto em prática um golpe militar, onde o Marechal Deodoro da Fonseca conspirava a derrubada de D. Pedro II.
Boatos de que os responsáveis pelo plano seriam presos fizeram com que a armada acontecesse, recebendo o apoio de mais de seiscentos soldados.
No dia 15 de novembro de 1889, ao passar pela Praça da Aclamação, o Marechal, com espada em punho, declarou que a partir daquela data o país seria uma república.
Dom Pedro II recebeu a notícia de que seu governo havia sido derrubado e um decreto o expulsava do país, juntamente com sua família. Dias depois, voltaram a Portugal.
Para governar o Brasil República, os responsáveis pela conspiração montaram um governo provisório, mas o Marechal Deodoro da Fonseca permaneceu como presidente do país. Rui Barbosa, Benjamin Constant, Campos Sales e outros, foram escolhidos para formar os ministérios.
Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

ORIGEM DO DIA DO AMIGO




O Dia Internacional do Amigo, celebrado a 20 de julho, foi primeiramente adotado em Buenos Aires, na Argentina, com o Decreto nº 235/79, sendo que foi gradualmente adotado em outras partes do mundo.
A data foi criada pelo argentino Enrique Ernesto Febbraro. Ele se inspirou na chegada do homem à lua, em 20 de julho de 1969, considerando a conquista não somente uma vitória científica, como também uma oportunidade de se fazer amigos em outras partes do universo. Assim, durante um ano, o argentino divulgou o lema "Meu amigo é meu mestre, meu discípulo é meu companheiro".
Aos poucos a data foi sendo adotada em outros países e hoje, em quase todo o mundo, o dia 20 de julho é o Dia do Amigo, é quando as pessoas trocam presentes, se abraçam e declaram sua amizade umas as outras, na teoria.
No Brasil, o dia do amigo é comemorado oficialmente em 18 de abril. Em 20 de julho é comemorado o dia da amizade, mas atualmente o país também vem adotando a data internacional.


Fonte: Wikipédia

sábado, 6 de novembro de 2010

Escritores Nordestinos - 20 nomes.



Jorge Amado

10/8/1912, Itabuna (BA)
6/8/2001, Salvador (BA)

[creditofoto]
Jorge Amado nasceu na fazenda Auricídia, em Ferradas, município de Itabuna. Filho do "coronel" João Amado de Faria e de Eulália Leal Amado, foi para Ilhéus com apenas um ano e lá passou a infância e descobriu as letras. A adolescência ele viveria em Salvador, no contato com aquela vida popular que marcaria sua obra.

Aos 14 anos, começou a participar da vida literária de Salvador, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes, grupo de jovens que (juntamente com os do Arco & Flecha e do Samba) desempenhou importante papel na renovação das letras baianas. Entre 1927 e 1929, foi repórter no "Diário da Bahia", época em que também escreveu na revista literária "A Luva".

Estreou na literatura em 1930, com a publicação (por uma editora carioca) da novela "Lenita", escrita em colaboração com Dias da Costa e Édison Carneiro. Seus primeiros romances foram "O País do Carnaval" (1931), "Cacau" (1933) e "Suor" (1934).

Jorge Amado bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais na Faculdade de Direito no Rio de Janeiro (1935), mas nunca exerceria a profissão de advogado. Em 1939, foi redator-chefe da revista "Dom Casmurro". De 1935 a 1944, escreveu os romances "Jubiabá", "Mar Morto", "Capitães de Areia", "Terras do Sem-Fim" e "São Jorge dos Ilhéus".

Em parte devido ao exílio no regime getulista, Jorge Amado viajou pelo mundo e viveu na Argentina e no Uruguai (1941-2) e, depois, em Paris (1948-50) e em Praga (1951-2).

Voltando para o Brasil durante o segundo conflito mundial, redigiu a seção "Hora da Guerra" no jornal "O Imparcial" (1943-4). Mudando-se para São Paulo, dirigiu o diário Hoje (1945). Anos depois, no Rio, participaria da direção do semanário "Para Todos" (1956-8).

Em 1945, foi eleito deputado federal por São Paulo, tendo participado da Assembléia Constituinte de 1946 (pelo Partido Comunista Brasileiro) e da primeira Câmara Federal posterior ao Estado Novo. Nessa condição, foi responsável por várias leis que beneficiaram a cultura. De 1946 a 1958, escreveria "Seara Vermelha", "Os Subterrâneos da Liberdade" e "Gabriela, Cravo e Canela".

Em abril de 1961, foi eleito para a cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras (sucedendo a Otávio Mangabeira). Na década de 1960, lançou os romances "A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água", "Os Velhos Marinheiros, ou o Capitão de Longo Curso", "Os Pastores da Noite", "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "Tenda dos milagres". Nos anos 1970, viriam "Teresa Batista Cansada de Guerra", "Tieta do Agreste" e "Farda, Fardão, Camisola de Dormir".

Suas obras foram traduzidas para 48 idiomas. Muitas se viram adaptados para o cinema, o teatro, o rádio, a televisão e até as histórias em quadrinhos, não só no Brasil, mas também em Portugal, França, Argentina, Suécia, Alemanha, Polônia, Tchecoslováquia (atual República Tcheca), Itália e EUA. Seus últimos livros foram "Tocaia Grande" (1984), "O Sumiço da Santa" (1988) e "A Descoberta da América pelos Turcos" (1994).

Além de romances, escreveu contos, poesias, biografias, peças, histórias infantis e guias de viagem. Sua esposa, Zélia Gattai, é autora de "Anarquistas, Graças a Deus" (1979), "Um Chapéu Para Viagem" (1982), "Senhora Dona do Baile" (1984), "Jardim de Inverno" (1988), "Pipistrelo das Mil Cores" (1989) e "O Segredo da Rua 18" (1991). O casal teve dois filhos: João Jorge, sociólogo e autor de peças infantis; e Paloma, psicóloga.

Jorge Amado morreu perto de completar 89 anos, em Salvador. A seu pedido, foi cremado, e as cinzas, colocadas ao pé de uma árvore (uma mangueira) em sua casa.

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Josué Montello

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Josué Montello Academia Brasileira de Letras
Nome completo Josué de Sousa Montello
Nascimento 21 de agosto de 1917
São Luís
Morte 15 de março de 2006 (88 anos)
Rio de Janeiro
Nacionalidade Brasileiro
Ocupação Jornalista, professor, teatrólogo e escritor
Josué de Sousa Montello (São Luís, 21 de agosto de 1917Rio de Janeiro, 15 de março de 2006) foi um jornalista, professor, teatrólogo e escritor brasileiro. Entre suas obras destacam-se Os tambores de São Luís, de 1965, a trilogia composta pelas novelas Duas vezes perdida, de 1966, e Glorinha, de 1977, e pelo romance Perto da meia-noite, de 1985.
Trabalhou como diretor da Biblioteca Nacional e do Serviço Nacional de Teatro, escreveu para a revista Manchete e o Jornal do Brasil, além de trabalhar no governo do presidente Juscelino Kubitschek.
Obras de Josué Montello foram traduzidas para o inglês, francês, espanhol, alemão e sueco. Algumas de suas novelas foram roteirizadas para o cinema; em 1976, Uma tarde, outra tarde recebeu o título de O amor aos 40; e, em 1978, O monstro, foi filmado como O monstro de Santa Teresa.
Morreu em março de 2006, vítima de insuficiência cardíaca. Encontrava-se internado na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, há mais de um ano, para tratamento de problemas respiratórios. O corpo foi velado na Academia Brasileira de Letras e sepultado no fim da tarde no Cemitério São João Batista.

Obras

A obra construída por Montello é assombrosa, pois abrange uma significativa variedade de meios de expressão - do romance ao teatro, do artigo jornalístico ao ensaio histórico. Sua prosa é elegante e fluída, passando ao leitor aquela enganadora sensação de ter sido escrita de forma ligeira, fácil, sem esforço aparente. Sua sólida formação intelectual se faz sentir em todos os ensaios e artigos, sempre permeados por análises precisas, argutas e diretas, ao passo que nos romances e peças teatrais a fina sensibilidade do artista impõe uma intensa abordagem psicológica das tramas e dos personagens. Disse o crítico Wilson Martins: "Josué Montello é, hoje, sem dúvida, o decano do romance brasileiro. Escreve romances clássicos, na linha de Machado e de Eça, e não está preocupado em ser original. Ele mesmo admite, sem nenhum problema, que ignora as inovações estéticas dos últimos 50 anos. Escreveu romances extraordinários, em particular Os Tambores de São Luís", e ainda "Tudo isso nos induz a ler Os tambores de São Luís como romance psicológico, partindo do particular para o geral, caso em que a narrativa se desenvolve em espiral, tendo no negro Damião o centro dinâmico de convergência e irradiação. Josué Montello pertence à família espiritual de Balzac e Dostoievski; de Joyce e Thomas Mann; de Tolstoi e Faulkner; de George Eliot e Giovanni Verga; de Cervantes e John Dos Passos; de Conrad e Flaubert; de Eça de Queiroz e Machado de Assis – todos semelhantes nas suas diferenças e diferentes nas suas semelhanças, exatamente como nas famílias naturais. "

 Lorbeerkranz.png Academia Brasileira de Letras

Em 1954, foi eleito para a cadeira 29 da Academia Brasileira de Letras, sucedendo a Cláudio de Sousa. Até a sua morte, era o integrante mais antigo da Academia.

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José Louzeiro

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

José de Jesus Louzeiro (São Luís do Maranhão, 19 de setembro de 1932) é um escritor, e roteirista brasileiro.
Iniciou sua carreira como estagiário em revisão gráfica no jornal "O Imparcial" em 1948 aos dezesseis anos de idade. Em 1953, aos 21 anos, se transfere para o Rio de Janeiro onde foi trabalhar no semanário: "A revista da semana" e no grupo dos Diários Associados de Assis Chateaubriand, mais especificamente como "Foca" em "O Jornal" e daí foi deixando suas marcas através de suas redações nos jornais "Diário Carioca", Última Hora, Correio da Manhã, "Folha e Diário do Grande ABC" e nas revistas Manchete e Diário Carioca.
Por mais de vinte anos atuou também como repórter policial. Na literatura estreou com o conto "Depois da Luta", em 1958, no cinema escreveu os diálogos do filme: Lúcio Flávio, o passageiro da agonia, baseado no romance de sua autoria lançado em 1976 pela Editora "Civilização Brasileira". Escreveu outros livros sobre casos policiais famosos como O caso Aracelli e O asassinato de Cláudia Lessin Rodrigues. "Em carne viva" (1988) traz personagens e situações que lembram as mortes de Zuzu Angel e seu filho, Stuart [1]. Seus livros são, na maioria, contos biográficos, narrados como romance-reportagem, chegando perto de quarenta publicações. A ele se atribui a introdução no Brasil do gênero literário Romance-reportagem, que no exterior tivera como representante Truman Capote, que escreveu A sangue frio.
Assinou também o roteiro de dez filmes, sendo quatro deles já populares como Pixote, a lei do mais fraco, Os amores da Pantera de Jece Valadão, O homem da capa preta e Amor Bandido, com Paulo Gracindo.
Escreveu telenovelas como Corpo Santo e Guerra sem fim. Mas sua telenovela O Marajá, uma comédia baseada no governo de Fernando Collor de Melo, foi proibida de ir ao ar, numa época em que não havia mais censura no Brasil. Depois desse episódio, o autor conta que começou a enfrentar dificuldades para realizar novos projetos na televisão.

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  Ferreira Gullar


Um instante

Aqui me tenho
Como não me conheço
            nem me quis
sem começo
nem fim
          aqui me tenho
          sem mim
nada lembro
nem sei

à luz presente
sou apenas um bicho
        transparente

Ferreira Gullar (José Ribamar Ferreira), nasceu no dia 10 de setembro de 1930, na cidade de São Luiz, capital do Maranhão, quarto filho dos onze que teriam seus pais, Newton Ferreira e Alzira Ribeiro Goulart. Inicia seus estudos no Jardim Decroli, em 1937, onde permanece por dois anos. Depois, estuda com professoras contratadas pela família e em um colégio particular, do qual acaba fugindo. Em 1941, matriculou-se no Colégio São Luís de Gonzaga, naquela cidade.

Aprovado em segundo lugar no exame de admissão do Ateneu Teixeira  Mendes, em 1942, não chega a concluir o ano letivo nesse colégio. Ingressa na Escola Técnia de São Luís, em 1943. Apaixonado por uma vizinha, Terezinha, deixa os amigos e passa a se dedicar à leitura de livros retirados da Biblioteca Municipal e a escrever poemas.

Na redação sobre o Dia do Trabalho, onde ironizava o fato de não se trabalhar nesse dia, em 1945, obtém nota 95 e recebe elogios pelo seu texto. Só não obteve a nota máxima em virtude dos erros gramaticais cometidos. Face ao ocorrido, dedica-se ao estudo das normas da língua. Essa redação foi inspiradora do soneto "O trabalho", primeiro poema publicado por Gullar no jornal "O Combate", de São Luís, três anos depois.

Torna-se locutor da Rádio Timbira e colaborador do "Diário de São Luís", em 1948.

Editado com recursos próprios e o apoio do Centro Cultural Gonçalves Dias, publica seu primeiro livro de poesia, "Um pouco acima do chão".

Em 1950, após haver presenciado o assassinato de um operário pela polícia, durante um comício de Adhemar de Barros na Praça João Lisboa, em São Luís, nega-se a ler, em seu programa de rádio, uma nota que aponta os "baderneiros" e "comunistas" como responsáveis pelo ocorrido. Perde o emprego, mas é convidado para participar da campanha política no interior do Maranhão. Vence o concurso promovido pelo "Jornal de Letras" com o poema "O galo". A comissão julgadora era formada por Manuel Bandeira, Odylo Costa Filho e Willy Lewin. Começa a escrever poemas que, mais tarde, integrariam seu livro "A luta corporal".

Muda-se para o Rio de Janeiro (RJ), em 1951. Passa a trabalhar na redação da "Revista do Instituto de Aposentadoria e Pensão do Comércio", para onde foi indicado por João Condé. Torna-se amigo do crítico de arte Mário Pedrosa. A publicação de seu conto "Osiris come flores" na "Revista Japa" rende-lhe mais um emprego: o de revisor da revista "O Cruzeiro", por indicação de Herberto Sales, que se encantou com o conto publicado. Vai até a cidade de Correias (RJ) onde, por três meses, trata-se de uma tuberculose.

Oswald de Andrade, que havia lido "A luta corporal", texto inédito e recém-concluído de Gullar, no dia de seu aniversário, em 1953, presenteia-o com dois volumes teatrais de sua autoria: "A morta", "O Rei da Vela", e "O homem a cavalo".

Em 1954, casa-se com a atriz Thereza Aragão, com quem teve três filhos: Paulo, Luciana e Marcos. Lança "A luta corporal", que causou desentendimentos com os tipógrafos em função do projeto gráfico apresentado. Após sua leitura, Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari manifestam-lhe, por carta, o desejo de conhecê-lo. No fim desse ano, passa a trabalhar como revisor na revista "Manchete".

Seu encontro com Augusto de Campos se dá às vésperas do carnaval de 1955, resultando inúmeras discussões sobre a literatura. Trabalha como revisor no "Diário Carioca" e, posteriormente, engaja-se no projeto "Suplemento dominical" do "Jornal do Brasil".

A convite do trio de escritores paulistas acima citados, participa da I Exposição Nacional de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1956. Em janeiro do ano seguinte, o MAM carioca recebe a citada exposição. Gullar discorda da publicação do artigo "Da psicologia da composição à matemática da composição", escrito pelo grupo concretista de São Paulo. Redige resposta intitulada "Poesia concreta: experiência fenomenológica". Os dois textos são publicados lado a lado na mesma edição do "Suplemento Dominical". Com seu artigo, Gullar marca sua ruptura com o movimento.

Em 1958, lança o livro "Poemas. No ano seguinte, escreve o "Manifesto Neo-concreto", publicado no "Suplemento Dominical" e que foi também assinado por, entre outros, Lygia Pape, Franz Waissman, Lygia Clark, Amilcar de Castro e Reynaldo Jardim. Ali também foi publicado "Teoria do não-objeto. Criou o "livro-poema" e o "Poema enterrado", que consistia de uma sala subterrânea, dentro da qual  havia um cubo de madeira de cor vermelha, dentro desse um outro, verde, de menor diâmetro, e, finalmente, um último cubo de cor branca que, ao ser erguido, permitia a leitura da palavra "Rejuvenesça". Construído na casa do pai do artista plástico Hélio Oiticica, a "instalação" não pode ser vista pelo público: uma inundação, provocada por fortes chuvas, alagou a sala e destruiu os cubos.

É nomeado, em 1961, com a posse de Jânio Quadros, diretor da Fundação Cultural de Brasília. Elabora o projeto do Museu de Arte Popular e inicia sua construção. Revê sua postura poética, até então muito marcada pelo experimentalismo, e passa a não atuar nos movimentos de vanguarda. Fica no cargo até outubro/61.

Emprega-se, em 1962, como copidesque na filial carioca do jornal "O Estado de São Paulo", para o qual trabalharia por 30 anos. Ao mesmo tempo, ingressa no Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC). Publica "João Boa-Morte, cabra marcado para morrer" e "Quem matou Aparecida". Assume, com essas publicações, uma nova atitude literária de engajamento político e social.

No ano seguinte é eleito presidente do CPC. Lança o ensaio "Cultura posta em questão". Em 1964, a sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) é invadida e a primeira edição do citado ensaio acaba queimada. No dia 1º de abril de 1964, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro. Ao lado de Oduvaldo Viana Filho, Paulo Pontes, Thereza Aragão, Pichin Pla, entre outros, funda o "Grupo Opinião".

O ensaio "Cultura posta em questão" é reeditado em 1965.

Em 1966, a peça "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come", escrita em parceria com Oduvaldo Viana Filho, é encenada pelo "Grupo Opinião" no Rio de Janeiro, e conquista os prêmios Molière e Saci. No ano seguinte o mesmo grupo encena, também no Rio, a peça "A saída? Onde está a saída?, escrita em parceria com Antônio Carlos Fontoura e Armando Costa.

"Por você, por mim", poema sobre a guerra do Vietnã, é publicada em 1968, juntamente com o texto da peça "Dr. Getúlio, sua vida e sua glória", escrita em parceria com Dias Gomes e montada nos teatros "Opinião" e "João Caetano", no Rio de Janeiro, com a direção de José Renato. Com a assinatura do Ato Institucional nº 5, é preso, em companhia de Paulo Francis, Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Em 1969, lança o ensaio "Vanguarda e subdesenvolvimento".

1970 marca sua entrada na clandestinidade. Passa a dedicar-se à pintura.

Informado por amigos, em 1971, do risco que corria se continuasse no Brasil, decide partir para o exílio, morando primeiro em Moscou (Russia) e depois em Santiago (Chile), Lima (Peru) e Buenos Aires (Argentina). Durante esse período, colabora com o semanário "O Pasquim", sob o pseudônimo  de Frederico Marques. Seu pai falece em São Luís (MA).

Em 1974, por unanimidade, é absolvido no Supremo Tribunal Federal, da acusação.

Publica, em 1975, "Dentro da noite veloz". O "Poema sujo" é escrito entre maio de outubro desse ano. Em novembro, lê o novo trabalho na casa de Augusto Boal, em Buenos Aires, para um grupo de amigos. Vinicius de Moraes, que organizou a sessão de leitura, pede uma cópia do poema para trazer ao Rio. Por precaução, o poema é gravado em fita cassete. No Rio, Vinicius promove diversas sessões para que intelectuais e jornalistas ouvissem o "Poema sujo". Ênnio Silveira, editor, pede uma cópia do texto para publicá-lo em livro. Enquanto isso não acontece, diversas cópias da gravação circulam pela cidade em sessões fechadas de audição.

No ano seguinte, sem a presença do poeta, o "Poema sujo" é lançado, enquanto Gullar dá aulas particulares de português em Buenos Aires, para poder sobreviver. Amigos tentam um salvo-conduto junto às autoridades militares, procurando obter garantias para que ele volta ao país.

Somente em 10 de março de 1977 desembarca no Rio. No dia seguinte, é preso pelo Departamento de Polícia Política e Social, órgão sucessor do famoso "DOPS". As ameaças feitas por agentes policiais, que se estendiam a membros de sua família, só terminaram após 72 horas de interrogatórios, ocasião em que é libertado face à movimentação de amigos junto às autoridades do regime militar.

Retorna, aos poucos, às atividades de crítico, poeta e jornalista. Lança "Antologia Poética". "La lucha corporal y otros incendios" é publicada em Caracas, Venezuela. No ano seguinte, 1978, grava o disco "Antologia poética de Ferreira Gullar" e, sob a direção de Bibi Ferreira, é encenada a peça teatral "Um rubi no umbigo". Começa a escrever para o Grupo de Dramaturgia da Rede Globo, indicado pelo amigo Dias Gomes.

Seu livro "Na vertigem do dia" é publicado em 1980 e "Toda poesia", reunião de sua obra poética, comemora seus 50 anos de vida. Estréia a versão teatral do "Poema sujo", com a interpretação de Esther Góes e Rubens Corrêa, sob a direção de Hugo Xavier, na Sala Sidney Miller, no Rio de Janeiro.

Lança o livro "Sobre arte", coletânea de artigos publicados na revista "Módulo", entre 1975 e 1980.

A Rede Globo exibe o seu especial "Insensato coração", em 1983.

Em 1984, recebe o título de "Cidadão Fluminense" na Assembléia Legislativa do Rio. Profere a conferência "Educação criadora e o desafio da transformação sócio-cultural" na abertura do 25º Congresso Mundial de Educação pela Arte, realizado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Com a tradução de "Cyrano de Bergerac", de Edmond Rostand, publicada em 1985, é agraciado como prêmio Molière, até então inédito para a categoria tradutor.

Em 1987 lança "Barulhos". Dois anos depois, publica ensaios sobre cultura brasileira e a questão da vanguarda em países desenvolvidos, no livro "Indagações de hoje".

"A estranha vida banal", uma coletânea de 47 crônicas escritas para "O Pasquim" e "Jornal do Brasil", são publicadas em 1990. Colabora com Dias Gomes na novela "Araponga". Morre, no Rio, seu filho mais novo, Marcos.

Nomeado diretor do Instituto Brasileiro de Arte e Cultura (IBAC), em 1992, lá permanece até 1995. A Rede Globo exibe a minissérie "As noivas de Copacabana", escrita em parceria com Dias Gomes e Marcílio Moraes.

Lança, em 1993, "Argumentação contra a morte da arte", que provoca polêmica entre artistas plásticos.

Morre, no Rio, sua mulher Thereza Aragão, em 1994. Seu livro "Luta corporal" ganha edição comemorativa a seus 40 anos de publicação. No Centro Cultural Banco do Brasil - Rio, ocorre um evento sobre o trabalho do poeta.

Em 1997, lança "Cidades inventadas", coletânea de contos escritos ao longo de 40 anos. Passa a viver com a poeta Cláudia Ahimsa.

No ano seguinte publica "Rabo de foguete - Os anos de exílio". É homenageado no 29º Festival Internacional de Poesia de Rotterdã.

Lança, em 1999, o livro "Muitas vozes" e é agraciado com o Prêmio Jabuti, categoria poesia. Recebe, também, o Prêmio Alphonsus de Guimarães, da Biblioteca Nacional.

"Ferreira Gullar 70 anos" foi o nome dado à exposição aberta em setembro de 2000, no Museu de Arte Moderna do Rio, para marcar o aniversário do poeta. Ocorre o lançamento da nona edição de "Toda poesia", reunião atualizada de todos os poemas de Gullar. O poeta recebe o prêmio Multicultural 2000, do jornal "O Estado de São Paulo". No final do ano, lança "Um gato chamado Gatinho ", 17 poemas sobre seu felino escritos para crianças.

É publicado na coleção Perfis do Rio “Ferreira Gullar - Entre o espanto e o poema”, de George Moura em 2001. São reunidas crônicas escritas para o “Jornal do Brasil” nos anos 60 no livro “O menino e o arco-íris”. Lança uma coleção infanto-juvenil “O rei que mora no mar”, poemas dos anos 60 de Gullar.

Em 2002, é indicado ao Prêmio Nobel de Literatura por nove professores titulares de universidades de Brasil, Portugal e Estados Unidos. São relançados num só livro, os ensaios dos anos 60: “Cultura posta em questão” e “Vanguarda e subdesenvolvimento”. Em dezembro o poeta recebe o Prêmio Príncipe Claus, da Holanda, dado a artistas, escritores e instituições culturais de fora da Europa que tenham contribuído para mudar a sociedade, a arte ou a visão cultural de seu país.

Lança “Relâmpagos”, reunindo 49 textos curtos sobre artes, abordando obras de Michelangelo, Renoir, Picasso, Calder, Iberê Camargo e muitos outros.

A edição 2010 do Prêmio Luís de Camões ficou com o brasileiro Ferreira Gullar. O mais importante prêmio literário da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, criado em conjunto pelos governos  do Brasil e de Portugal, renderá ao escritor 100 mil euros. Já foram agraciados, entre outros, João Ubaldo Ribeiro, João Cabral de Melo Neto, Arménio Vieira, Rubem Fonseca, Miguel Torga, Antonio Candido, Lygia Fagundes TellesLobo Antunes. O premiado poeta completa 80 anos em 10 de setembro, quando lançará pela Ed. José Olympio "Em alguma parte alguma", seu primeiro livro de poemas em mais de uma década. Poeta consagrado, o maranhense é também ensaísta, tradutor, dramaturgo e crítico de arte — além de assíduo palestrante sempre acompanhado por platéias numerosas. Entre suas obras mais importantes estão "Poema sujo" (1976", "Argumentação contra a morte da arte" (1993) e "Muitas vozes" (1999).


Aluísio de Azevedo

 

 

Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo nasceu na 
cidade de São Luís, capital do Maranhão, em 14 de abril 
de 1857, filho do vice-cônsul português David Gonçalves 
de Azevedo e Emília Amália Pinto de Magalhães.
Fez os cursos preparatórios na sua cidade natal e 
trabalhou no comércio como caixeiro e guarda-livros.
Com vocação para o desenho e a pintura, em 1876, 
resolveu juntar-se ao  seu irmão Arthur Azevedo
no Rio de Janeiro, onde matriculou-se na Imperial 
Academia de Belas Artes, hoje Escola Nacional de Belas Artes.
Para conseguir se manter fazia caricaturas para diversos 
jornais como O Fígaro, O Mequetrefe, Semana Ilustrada e Zig-Zag.
Em 1878, por causa da morte repentina do pai, foi obrigado 
a regressar a São Luís para cuidar da família, passando a 
escrever para jornais locais.
Foi um dos fundadores e colaborador assíduo do 
jornal anticlerical e abolicionista O Pensador, periódico trimensal 
(publicado nos dias 10, 20 e 30 de cada mês), que se 
intitulava órgão dos interesses da sociedade moderna e 
era redigido por jovens sob pseudônimos. Colaborou 
também com o jornal Pacotilha, lançado por seus cunhados 
Libânio Vale e Vítor Lobato.

Iniciou a carreira de escritor com o romance Uma lágrima 

de mulher (1879), seguido de O mulato, um dos seus 
livros mais famosos, publicado em São Luís, na Tipografia 
de O País, em 1881. O livro escandalizou a sociedade 
maranhense pela linguagem crua e por tratar do preconceito
racial, mas com ele o autor ganhou projeção nacional. No Rio de 
Janeiro, a obra foi muito bem recebida, sendo considerada como
um exemplo do Naturalismo, escola literária que se baseava na 
fiel observação da realidade e na experiência.

Em setembro de 1881, Aluísio voltou ao Rio de Janeiro. 

Resolvido a ganhar e ganhar a vida como escritor, dedicou-se 
ao trabalho jornalístico e literário, passando a publicar 
seus romances nos folhetins dos jornais.

No período de 1882 a 1895, publicou sem interrupção 

romances, contos, crônica e peças de teatro, essas 
últimas em parceria com seu irmão Arthur e Emílio Rouède. 
Com esse último, desenvolveu uma grande amizade e 
cooperação intelectual, escrevendo em conjunto cinco 
comédias: Venenos que curam, O caboclo, Um caso de adultério
Lições para maridos e Em flagrante delito.
Membro da Academia Brasileira de Letras e fundador da cadeira nº 4, 
Aluisio de Azevedo gostava de abordar na sua obra os 
problemas sociais urbanos, com suas contradições econômicas,
raciais e éticas.
Entre as suas principais obras podem ser destacadas:
Uma Lágrima de Mulher (1879); Os doidos (comédia em 
colaboração com Arthur Azevedo, 1879); O Mulato (1881);
Memórias de um condenado (1882); Flor-de-lis (opereta)
e Casa de Orates (comédias, ambas em mparceria com 
Arthur Azevedo, 1882); Mistérios da Tijuca (1883); 
Casa de Pensão (1884); Filomena Borges (1884); 
Venenos que curam (1886); O Caboclo (1886); 
O homem (1887); Fritzmark (1988); O Coruja (1889);  
O cortiço (1890); A República (1890); 
Um caso de adultério (1891); Em flagrante (1891);
A mortalha de Alzira (1893); Demônios (contos, 1893); 
Livro de uma sogra (1895); Pegados (1897). 
Deixou inédito, um livro com impressões sobre o Japão,
intitulado Agonia de uma raça. Em 1938, 
foram reunidas algumas de suas crônicas e correspondências, 
e publicadas pela F. Briguiet (Rio de Janeiro), o livro O touro negro
Sem conseguir sobreviver só como escritor, em 1895, fez 
concurso para cônsul e ingressou na carreira diplomática. 
Serviu em Vigo, na Espanha, Nápoles, na Itália, Tóquio, 
Assunção, no Paraguai e Buenos Aires, onde passou a viver 
na companhia da argentina Pastora Luquez e de seus dois filhos, 
Pastor e Zulema, que foram por ele adotados.
Morreu em Buenos Aires, Argentina, no dia 21 de janeiro de 
1913, onde foi sepultado.

Uma Lágrima de Mulher (1880)
O Mulato (1881) - resumo
Mistério da Tijuca (1882 - reeditado: Girândola de Amores)
Memórias de um condenado (1882 - reeditado: A Condessa Vésper)
Casa de Pensão (1884) - resumo
Filomena Borges (publicado em folhetins na Gazeta de Notícias, 1884)
O Caboclo (1886)
O Homem (1887)
O Cortiço (1890) - resumo
O Coruja (1890)
Um Caso de Adultério (1891)
Em Flagrante (1891)
A Mortalha de Alzira (1894)
Livro de uma Sogra (1895)
Demônios, contos (1895)
Livro de uma sogra (1895)
Pegados (1897)
Obras Completas (1961) 



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Gonçalves Dias (1823 - 1864)

O poeta Antônio Gonçalves Dias, que se orgulhava de ter no sangue as três raças formadoras do povo brasileiro (branca, indígena e negra), nasceu no Maranhão em 10 de agosto de 1823. Em 1840 foi para Portugal cursar Direito na Faculdade de Coimbra. Ali, entrou em contato com os principais escritores da primeira fase do Romantismo português.
Em 1843, inspirado na saudade da pátria, escreveu "Canção do Exílio".

No ano seguinte graduou-se bacharel em Direito. De volta ao Brasil, iniciou uma fase de intensa produção literária. Em 1849, junto com Araújo Porto Alegre e Joaquim Manuel de Macedo, fundou a revista "Guanabara".

Em 1862 retornou à Europa para cuidar da saúde. Em 1864, durante a viagem de volta ao Brasil, o navio Ville de Boulogne naufragou na costa brasileira. Salvaram-se todos, exceto o poeta que, por estar na cama em estado agonizante, foi esquecido em seu leito.

Se por um lado deve-se a Gonçalves de Magalhães a introdução do Romantismo no Brasil, por outro, deve-se a Gonçalves Dias a sua consolidação. Isso porque o poeta trabalhou com maestria todas as características iniciais da primeira fase do Romantismo brasileiro. De sua obra, geralmente dividida em lírica, medieval e nacionalista, destacam-se "I-juca Pirama", "Os Tibiramas" e "Canção do Tamoio".
Veja Também:

Romantismo

- Preliminares
- Características Gerais
- Europa
- Momento Histórico
- França
- Alemanha
- Inglaterra

- Portugal
- Momento Histórico
- A Literatura
- Cronologia

- Brasil
- Momento Histórico
- A Literatura
- Cronologia
Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas tem mais flores,
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.


I-JUCA PIRAMA
I
No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos – cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.

São rudos, severos, sedentos de glória,
Já prélios incitam, já cantam vitória,
Já meigos atendem à voz do cantor:
São todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu nome lá voa na boca das gentes,
Condão de prodígios, de glória e terror!

As tribos vizinhas, sem forças, sem brio,
As armas quebrando, lançando-as ao rio,
O incenso aspiraram dos seus maracás:
Medrosos das guerras que os fortes acendem,
Custosos tributos ignavos lá rendem,
Aos duros guerreiros sujeitos na paz.

No centro da taba se estende um terreiro,
Onde ora se aduna o concílio guerreiro
Da tribo senhora, das tribos servis:
Os velhos sentados praticam d’outrora,
E os moços inquietos, que a festa enamora,
Derramam-se em torno dum índio infeliz.

Quem é? – ninguém sabe: seu nome é ignoto,
Sua tribo não diz: – de um povo remoto
Descende por certo – dum povo gentil;
Assim lá na Grécia ao escravo insulano
Tornavam distinto do vil muçulmano
As linhas corretas do nobre perfil.

Por casos de guerra caiu prisioneiro
Nas mãos dos Timbiras: – no extenso terreiro
Assola-se o teto, que o teve em prisão;
Convidam-se as tribos dos seus arredores,
Cuidosos se incubem do vaso das cores,
Dos vários aprestos da honrosa função.

Acerva-se a lenha da vasta fogueira
Entesa-se a corda da embira ligeira,
Adorna-se a maça com penas gentis:
A custo, entre as vagas do povo da aldeia
Caminha o Timbira, que a turba rodeia,
Garboso nas plumas de vário matiz.

Em tanto as mulheres com leda trigança,
Afeitas ao rito da bárbara usança,
índio já querem cativo acabar:
A coma lhe cortam, os membros lhe tingem,
Brilhante enduape no corpo lhe cingem,
Sombreia-lhe a fronte gentil canitar,

II

Em fundos vasos d’alvacenta argila
Ferve o cauim;
Enchem-se as copas, o prazer começa,
Reina o festim.

O prisioneiro, cuja morte anseiam,
Sentado está,
O prisioneiro, que outro sol no ocaso
Jamais verá!

A dura corda, que lhe enlaça o colo,
Mostra-lhe o fim
Da vida escura, que será mais breve
Do que o festim!

Contudo os olhos d’ignóbil pranto
Secos estão;
Mudos os lábios não descerram queixas
Do coração.

Mas um martírio , que encobrir não pode,
Em rugas faz
A mentirosa placidez do rosto
Na fronte audaz!

Que tens, guerreiro? Que temor te assalta
No passo horrendo?
Honra das tabas que nascer te viram,
Folga morrendo.

Folga morrendo; porque além dos Andes
Revive o forte,
Que soube ufano contrastar os medos
Da fria morte.

Rasteira grama, exposta ao sol, à chuva,
Lá murcha e pende:
Somente ao tronco, que devassa os ares,
O raio ofende!

Que foi? Tupã mandou que ele caísse,
Como viveu;
E o caçador que o avistou prostrado
Esmoreceu!

Que temes, ó guerreiro? Além dos Andes
Revive o forte,
Que soube ufano contrastar os medos
Da fria morte.

III

Em larga roda de novéis guerreiros
Ledo caminha o festival Timbira,
A quem do sacrifício cabe as honras,
Na fronte o canitar sacode em ondas,
O enduape na cinta se embalança,
Na destra mão sopesa a iverapeme,
Orgulhoso e pujante. – Ao menor passo
Colar d’alvo marfim, insígnia d’honra,
Que lhe orna o colo e o peito, ruge e freme,
Como que por feitiço não sabido
Encantadas ali as almas grandes
Dos vencidos Tapuias, inda chorem
Serem glória e brasão d’imigos feros.

"Eis-me aqui", diz ao índio prisioneiro;
"Pois que fraco, e sem tribo, e sem família,
"As nossas matas devassaste ousado,
"Morrerás morte vil da mão de um forte."

Vem a terreiro o mísero contrário;
Do colo à cinta a muçurana desce:
"Dize-nos quem és, teus feitos canta,
"Ou se mais te apraz, defende-te." Começa
O índio, que ao redor derrama os olhos,
Com triste voz que os ânimos comove.

IV

Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.

Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.

Já vi cruas brigas,
De tribos imigas,
E as duras fadigas
Da guerra provei;
Nas ondas mendaces
Senti pelas faces
Os silvos fugaces
Dos ventos que amei.

Andei longes terras
Lidei cruas guerras,
Vaguei pelas serras
Dos vis Aimoréis;
Vi lutas de bravos,
Vi fortes – escravos!
De estranhos ignavos
Calcados aos pés.

E os campos talados,
E os arcos quebrados,
E os piagas coitados
Já sem maracás;
E os meigos cantores,
Servindo a senhores,
Que vinham traidores,
Com mostras de paz.

Aos golpes do imigo,
Meu último amigo,
Sem lar, sem abrigo
Caiu junto a mi!
Com plácido rosto,
Sereno e composto,
O acerbo desgosto
Comigo sofri.

Meu pai a meu lado
Já cego e quebrado,
De penas ralado,
Firmava-se em mi:
Nós ambos, mesquinhos,
Por ínvios caminhos,
Cobertos d’espinhos
Chegamos aqui!

O velho no entanto
Sofrendo já tanto
De fome e quebranto,
Só qu’ria morrer!
Não mais me contenho,
Nas matas me embrenho,
Das frechas que tenho
Me quero valer.

Então, forasteiro,
Caí prisioneiro
De um troço guerreiro
Com que me encontrei:
O cru dessossêgo
Do pai fraco e cego,
Enquanto não chego
Qual seja, – dizei!

Eu era o seu guia
Na noite sombria,
A só alegria
Que Deus lhe deixou:
Em mim se apoiava,
Em mim se firmava,
Em mim descansava,
Que filho lhe sou.

Ao velho coitado
De penas ralado,
Já cego e quebrado,
Que resta? – Morrer.
Enquanto descreve
O giro tão breve
Da vida que teve,
Deixai-me viver!

Não vil, não ignavo,
Mas forte, mas bravo,
Serei vosso escravo:
Aqui virei ter.
Guerreiros, não coro
Do pranto que choro:
Se a vida deploro,
Também sei morrer.

V

Soltai-o! – diz o chefe. Pasma a turba;
Os guerreiros murmuram: mal ouviram,
Nem pode nunca um chefe dar tal ordem!
Brada segunda vez com voz mais alta,
Afrouxam-se as prisões, a embira cede,
A custo, sim; mas cede: o estranho é salvo.

Timbira, diz o índio enternecido,
Solto apenas dos nós que o seguravam:
És um guerreiro ilustre, um grande chefe,
Tu que assim do meu mal te comoveste,
Nem sofres que, transposta a natureza,
Com olhos onde a luz já não cintila,
Chore a morte do filho o pai cansado,
Que somente por seu na voz conhece.
– És livre; parte.
– E voltarei.
– Debalde.
– Sim, voltarei, morto meu pai.
– Não voltes!
É bem feliz, se existe, em que não veja,
Que filho tem, qual chora: és livre; parte!
– Acaso tu supões que me acobardo,
Que receio morrer!
– És livre; parte!
– Ora não partirei; quero provar-te
Que um filho dos Tupis vive com honra,
E com honra maior, se acaso o vencem,
Da morte o passo glorioso afronta.

– Mentiste, que um Tupi não chora nunca,
E tu choraste!... parte; não queremos
Com carne vil enfraquecer os fortes.

Sobresteve o Tupi: – arfando em ondas
O rebater do coração se ouvia
Precípite. – Do rosto afogueado
Gélidas bagas de suor corriam:
Talvez que o assaltava um pensamento...
Já não... que na enlutada fantasia,
Um pesar, um martírio ao mesmo tempo,
Do velho pai a moribunda imagem
Quase bradar-lhe ouvia: – Ingrato! Ingrato!
Curvado o colo, taciturno e frio.
Espectro d’homem, penetrou no bosque!

VI

– Filho meu, onde estás?
– Ao vosso lado;
Aqui vos trago provisões; tomai-as,
As vossas forças restaurai perdidas,
E a caminho, e já!
– Tardaste muito!
Não era nado o sol, quando partiste,
E frouxo o seu calor já sinto agora!
– Sim demorei-me a divagar sem rumo,
Perdi-me nestas matas intrincadas,
Reaviei-me e tornei; mas urge o tempo;
Convém partir, e já!
– Que novos males
Nos resta de sofrer? – que novas dores,
Que outro fado pior Tupã nos guarda?
– As setas da aflição já se esgotaram,
Nem para novo golpe espaço intacto
Em nossos corpos resta.
– Mas tu tremes!
– Talvez do afã da caça....
– Oh filho caro!
Um quê misterioso aqui me fala,
Aqui no coração; piedosa fraude
Será por certo, que não mentes nunca!
Não conheces temor, e agora temes?
Vejo e sei: é Tupã que nos aflige,
E contra o seu querer não valem brios.
Partamos!... –
E com mão trêmula, incerta
Procura o filho, tacteando as trevas
Da sua noite lúgubre e medonha.
Sentindo o acre odor das frescas tintas,
Uma idéia fatal ocorreu-lhe à mente...
Do filho os membros gélidos apalpa,
E a dolorosa maciez das plumas
Conhece estremecendo: – foge, volta,
Encontra sob as mãos o duro crânio,
Despido então do natural ornato!...
Recua aflito e pávido, cobrindo
Às mãos ambas os olhos fulminados,
Como que teme ainda o triste velho
De ver, não mais cruel, porém mais clara,
Daquele exício grande a imagem viva
Ante os olhos do corpo afigurada.
Não era que a verdade conhecesse
Inteira e tão cruel qual tinha sido;
Mas que funesto azar correra o filho,
Ele o via; ele o tinha ali presente;
E era de repetir-se a cada instante.
A dor passada, a previsão futura
E o presente tão negro, ali os tinha;
Ali no coração se concentrava,
Era num ponto só, mas era a morte!

– Tu prisioneiro, tu?
– Vós o dissestes.
– Dos índios?
– Sim.
– De que nação?
– Timbiras.
– E a muçurana funeral rompeste,
Dos falsos manitôs quebrastes maça...
– Nada fiz... aqui estou.
– Nada! –
Emudecem;
Curto instante depois prossegue o velho:
– Tu és valente, bem o sei; confessa,
Fizeste-o, certo, ou já não fôras vivo!
– Nada fiz; mas souberam da existência
De um pobre velho, que em mim só vivia....
– E depois?...
– Eis-me aqui.
– Fica essa taba?

– Na direção do sol, quando transmonta.
– Longe?
– Não muito.
– Tens razão: partamos.
– E quereis ir?...
– Na direção do acaso.

VII

"Por amor de um triste velho,
Que ao termo fatal já chega,
Vós, guerreiros, concedestes
A vida a um prisioneiro.
Ação tão nobre vos honra,
Nem tão alta cortesia
Vi eu jamais praticada
Entre os Tupis, – e mas foram
Senhores em gentileza.

"Eu porém nunca vencido,
Nem nos combates por armas,
Nem por nobreza nos atos;
Aqui venho, e o filho trago.
Vós o dizeis prisioneiro,
Seja assim como dizeis;
Mandai vir a lenha, o fogo,
A maça do sacrifício
E a muçurana ligeira:
Em tudo o rito se cumpra!
E quando eu for só na terra,
Certo acharei entre os vossos,
Que tão gentis se revelam,
Alguém que meus passos guie;
Alguém, que vendo o meu peito
Coberto de cicatrizes,
Tomando a vez de meu filho,
De haver-me por se ufane!"
Mas o chefe dos Timbiras,
Os sobrolhos encrespando,
Ao velho Tupi guerreiro
Responde com tôrvo acento:

– Nada farei do que dizes:
É teu filho imbele e fraco!
Aviltaria o triunfo
Da mais guerreira das tribos
Derramar seu ignóbil sangue:
Ele chorou de cobarde;
Nós outros, fortes Timbiras,
Só de heróis fazemos pasto.

– Do velho Tupi guerreiro
A surda voz na garganta
Faz ouvir uns sons confusos,
Como os rugidos de um tigre,
Que pouco a pouco se assanha!

VIII

"Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Seres presa de via Aimorés.

"Possas tu, isolado na terra,
Sem arrimo e sem pátria vagando,
Rejeitado da morte na guerra,
Rejeitado dos homens na paz,
Ser das gentes o espectro execrado;
Não encontres amor nas mulheres,
Teus amigos, se amigos tiveres,
Tenham alma inconstante e falaz!

"Não encontres doçura no dia,
Nem as cores da aurora te ameiguem,
E entre as larvas da noite sombria
Nunca possas descanso gozar:
Não encontres um tronco, uma pedra,
Posta ao sol, posta às chuvas e aos ventos,
Padecendo os maiores tormentos,
Onde possas a fronte pousar.

"Que a teus passos a relva se torre;
Murchem prados, a flor desfaleça,
E o regato que límpido corre,
Mais te acenda o vesano furor;
Suas águas depressa se tornem,
Ao contacto dos lábios sedentos,
Lago impuro de vermes nojentos,
Donde fujas com asco e terror!

"Sempre o céu, como um teto incendido,
Creste e punja teus membros malditos
E oceano de pó denegrido
Seja a terra ao ignavo tupi!
Miserável, faminto, sedento,
Manitôs lhe não falem nos sonhos,
E do horror os espectros medonhos
Traga sempre o cobarde após si.

"Um amigo não tenhas piedoso
Que o teu corpo na terra embalsame,
Pondo em vaso d’argila cuidoso
Arco e frecha e tacape a teus pés!
Sê maldito, e sozinho na terra;
Pois que a tanta vileza chegaste,
Que em presença da morte choraste,
Tu, cobarde, meu filho não és."

IX

Isto dizendo, o miserando velho
A quem Tupã tamanha dor, tal fado
Já nos confins da vida reservada,
Vai com trêmulo pé, com as mãos já frias
Da sua noite escura as densas trevas
Palpando. – Alarma! alarma! – O velho pára!
O grito que escutou é voz do filho,
Voz de guerra que ouviu já tantas vezes
Noutra quadra melhor. – Alarma! alarma!
– Esse momento só vale a pagar-lhe
Os tão compridos trances, as angústias,
Que o frio coração lhe atormentaram

De guerreiro e de pai: – vale, e de sobra.
Ele que em tanta dor se contivera,
Tomado pelo súbito contraste,
Desfaz-se agora em pranto copioso,
Que o exaurido coração remoça.

A taba se alborota, os golpes descem,
Gritos, imprecações profundas soam,
Emaranhada a multidão braveja,
Revolve-se, enovela-se confusa,
E mais revolta em mor furor se acende.
E os sons dos golpes que incessantes fervem,
Vozes, gemidos, estertor de morte
Vão longe pelas ermas serranias
Da humana tempestade propagando
Quantas vagas de povo enfurecido
Contra um rochedo vivo se quebravam.

Era ele, o Tupi; nem fora justo
Que a fama dos Tupis – o nome, a glória,
Aturado labor de tantos anos,
Derradeiro brasão da raça extinta,
De um jacto e por um só se aniquilasse.

– Basta! Clama o chefe dos Timbiras,
– Basta, guerreiro ilustre! Assaz lutaste,
E para o sacrifício é mister forças. –

O guerreiro parou, caiu nos braços
Do velho pai, que o cinge contra o peito,
Com lágrimas de júbilo bradando:
"Este, sim, que é meu filho muito amado!

"E pois que o acho enfim, qual sempre o tive,
"Corram livres as lágrimas que choro,
"Estas lágrimas, sim, que não desonram." <

X

Um velho Timbira, coberto de glória,
Guardou a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi!
E à noite, nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Dizia prudente: – "Meninos, eu vi!

"Eu vi o brioso no largo terreiro
Cantar prisioneiro
Seu canto de morte, que nunca esqueci:
Valente, como era, chorou sem ter pejo;
Parece que o vejo,
Que o tenho nest’hora diante de mi.

"Eu disse comigo: Que infâmia d’escravo!
Pois não, era um bravo;
Valente e brioso, como ele, não vi!
E à fé que vos digo: parece-me encanto
Que quem chorou tanto,
Tivesse a coragem que tinha o Tupi!"

Assim o Timbira, coberto de glória,
Guardava a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi.
E à noite nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Tornava prudente: "Meninos, eu vi!".



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Patativa do Assaré Sinopse biográfica


Antônio Gonçalves da Silva (Assaré CE, 1909 - idem 2002). Freqüentou a escola por apenas quatro meses, em 1921, mas desde então vem "lidando com as letras", como ele mesmo afirmou. Agricultor, em 1922 já atuava como versejador em festas, e a partir de 1925, quando comprou uma viola, deu início à atividade de compositor, cantor e improvisador. Em 1926 teve um poema publicado no Correio do Ceará, mas seu primeiro livro, Inspiração Nordestina, seria lançado trinta anos depois, em 1956. Em 1978 publicou o livro Cante Lá que Eu Canto Cá, e em 1979 iniciou, com Poemas e Canções, a gravação de uma série de discos, entre os quais se destacam Canto Nordestino (1989) e 88 Anos de Poesia (1997). Seu último livro, Cordéis-Patativa do Assaré , é de 1999. A poesia de Patativa, que verseja em redondilhas e decassílabos, traduz uma visão de mundo "cabocla", muitas vezes nostálgica e desapontada com as mudanças trazidas pela modernidade e pela vida urbana. Sua obra aborda os valores e os ideais dos camponeses do interior do Ceará, em poemas que tematizam da reforma agrária ao cotidiano dos sertanejos cearenses.

O Peixe

Tendo por berço

o lago cristalino,

folga o peixe

a nadar todo inocente.

Medo ou receio

do porvir não sente,

pois vive incauto

do fatal destino.

Se na ponta de

um fio longo e fino

a isca avista,

ferra-a inconsciente,

ficando o pobre

peixe de repente,

preso ao anzol

do pescador ladino.

O camponês também

do nosso Estado,

ante a campanha eleitoral:

Coitado.

Daquele peixe tem

a mesma sorte.

Antes do pleito:

festa, riso e gosto.

Depois do pleito:

imposto e mais imposto…

Pobre matuto do

Sertão do Norte.

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“Sou filho das matas

cantor da mão grossa

trabalho na roça

deveras o destino.


A minha choupana

é tapada de barro,

só fumo cigarro

de palha de milho.


Meu verso rasteiro

singelo, sem graça

não entra na praça

no rico saloon


Meu verso só entra

no campo e na roça,

na pobre palhoça

da terra ao sertão.”

 lgumas músicas compostas por Patativa do Assaré:
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Rachel de Queiroz

"[...] tento, com a maior insistência, embora com tão
precário resultado (como se tornou evidente), incorporar
a linguagem que falo e escuto no meu ambiente nativo à
língua com que ganho a vida nas folhas impressas.  Não
que o faça por novidade, apenas por necessidade.
Meu parente José de Alencar quase um século atrás vivia
brigando por isso e fez escola."

Rachel de Queiroz
, nasceu em Fortaleza - CE, no dia 17 de novembro de 1910, filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz, descendendo, pelo lado materno, da estirpe dos Alencar (sua bisavó materna — "dona Miliquinha" — era prima José de Alencar, autor  de "O Guarani"), e, pelo lado paterno, dos Queiroz, família de raízes profundamente lançadas em Quixadá, onde residiam e seu pai era Juiz de Direito nessa época.
Em 1913, voltam a Fortaleza, face à nomeação de seu pai para o cargo de promotor. Após um ano no cargo, ele pede demissão e vai lecionar Geografia no Liceu. Dedica-se pessoalmente à educação de Rachel, ensinando-a a ler, cavalgar e a nadar. As cinco anos a escritora leu "Ubirajara", de José de Alencar, "obviamente sem entender nada", como gosta de frisar.
Fugindo dos horrores da seca de 1915, em julho de 1917 transfere-se com sua família para o Rio de Janeiro, fato esse que seria mais tarde aproveitado pela escritora como tema de seu livro de estréia, "O Quinze".
Logo depois da chegada, em novembro, mudam-se para Belém do Pará, onde residem por dois anos. Retornam ao Ceará, inicialmente para Guaramiranga e depois Quixadá, onde Rachel é matriculada no curso normal, como interna do Colégio Imaculada Conceição, formando-se professora em 1925, aos 15 anos de idade. Sua formação escolar pára aí.
Rachel retorna à fazenda dos pais, em Quixadá. Dedica-se inteiramente à leitura, orientada por sua mãe, sempre atualizada com lançamento nacionais e estrangeiros, em especial os franceses. O constante ler estimula os primeiros escritos. Envergonhada, não mostrava seus textos a ninguém.
Em 1926, nasce sua irmã caçula, Maria Luiza. Os outros irmãos eram Roberto, Flávio e Luciano, já falecidos).
Com o pseudônimo de "Rita de Queluz" ela envia ao jornal "O Ceará", em 1927, uma carta ironizando o concurso "Rainha dos Estudantes", promovido por aquela publicação. O diretor do jornal, Júlio Ibiapina, amigo de seu pai, diante do sucesso da carta a convida para colaborar com o veículo. Três anos depois, ironicamente, quando exercia as funções de professora substituta de História no colégio onde havia se formado, Rachel foi eleita a "Rainha dos Estudantes". Com a presença do Governador do Estado, a festa da coroação tinha andamento quando chega a notícia do assassinato de João Pessoa. Joga a coroa no chão e deixa às pressas o local, com uma única explicação "Sou repórter".
Seu pai adquiri o Sítio do Pici, perto de Fortaleza, para onde a família se transfere. Sua colaboração em "O Ceará" torna-se regular. Publica o folhetim "História de um nome" — sobre as várias encarnações de uma tal Rachel — e organiza a página de literatura do jornal.
Submetida a rígido tratamento de saúde, em 1930, face a uma congestão pulmonar e suspeita de tuberculose, a autora se vê obrigada a fazer repouso e resolve escrever "um livro sobre a seca". "O Quinze" — romance de fundo social, profundamente realista na sua dramática exposição da luta secular de um povo contra a miséria e a seca — é mostrado aos pais, que decidem "emprestar" o dinheiro para sua edição, que é publicada em agosto com uma tiragem de mil exemplares. Diante da reação reticente dos críticos cearenses, remete o livro para o Rio de Janeiro e São Paulo, sendo elogiado por Augusto Frederico Schmidt e Mário de Andrade. O livro logo transformaria Rachel numa personalidade literária. Com o dinheiro da venda dos exemplares, a escritora "paga" o empréstimo dos pais.
Em março de 1931, recebe no Rio de Janeiro o prêmio de romance da Fundação Graça Aranha, mantida pelo escritor, em companhia de Murilo Mendes (poesia) e Cícero Dias (pintura). Conhece integrantes do Partido Comunista; de volta a Fortaleza ajuda a fundar o PC cearense.
Casa-se com o poeta bissexto José Auto da Cruz Oliveira, em 1932. É fichada como "agitadora comunista" pela polícia política de Pernambuco. Seu segundo romance, "João Miguel", estava pronto para ser levado ao editor quando a autora é informada de que deveria submetê-lo a um comitê antes de publicá-lo. Semanas depois, em uma reunião no cais do porto do Rio de Janeiro, é informada de que seu livro não fora aprovado pelo PC, porque nele um operário mata outro. Fingindo concordar, Rachel pega os originais de volta e, depois de dizer que não via no partido autoridade para censurar sua obra, foge do local "em desabalada carreira", rompendo com o Partido Comunista.
Publica o livro pela editora Schmidt, do Rio, e muda-se para São Paulo, onde se aproxima do grupo trotskista.
Nasce, em Fortaleza, no ano de 1933, sua filha Clotilde.
Muda-se para Maceió, em 1935, onde faz amizade com Jorge de Lima, Graciliano Ramos e José Lins do Rego. Aproxima-se, também, do jornalista Arnon de Mello (pai do futuro presidente da República, Fernando Collor, que a agraciou com a Ordem Nacional do Mérito). Sua filha morre aos 18 meses, vítima de septicemia.
O lançamento do romance "Caminho de Pedras", pela José Olympio - Rio, se dá em 1937, que seria sua editora até 1992. Com a decretação do Estado Novo, seus livros são queimados em Salvador - BA, juntamente com os de Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, sob a acusação de subversivos. Permanece detida, por três meses, na sala de cinema do quartel do Corpo de Bombeiros de Fortaleza.
Em 1939, separa-se de seu marido e muda-se para o Rio, onde publica seu quarto romance, "As Três Marias".
Por intermédio de seu primo, o médico e escritor Pedro Nava, em 1940 conhece o também médico Oyama de Macedo, com quem passa a viver. O casamento duraria até à morte do marido, em 1982. A notícia de que uma picareta de quebrar gelo, por ordem de Stalin, havia esmigalhado o crânio de Trótski faz com que ela se afaste da esquerda.
Deixa de colaborar, em 1944, com os jornais "Correio da Manhã", "O Jornal" e "Diário da Tarde", passando a ser cronista exclusiva da revista "O Cruzeiro", onde permanece até 1975.
Estabelece residência na Ilha do Governador, em 1945.
Seu pai vem a falecer em 1948, ano em que publica "A Donzela e a Moura Torta". No ano de 1950, escreve em quarenta edições da revista "O Cruzeiro" o folhetim "O Galo de Ouro".
Sua primeira peça para o teatro, "Lampião", é montada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e no Teatro Leopoldo Fróes, em São Paulo, no ano de 1953. É agraciada, pela montagem paulista, com o Prêmio Saci, conferido pelo jornal "O Estado de São Paulo".
Recebe, da Academia Brasileira de Letras, em 1957, o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra.
Em 1958, publica a peça "A beata Maria do Egito", montada no Teatro Serrador, no Rio, tendo no papel-título a atriz Glauce Rocha.
O presidente da República, Jânio Quadros, a convida para ocupar o cargo de ministra da Educação, que é recusado. Na época, justificando sua decisão, teria dito: "Sou apenas jornalista e gostaria de continuar sendo apenas jornalista."
O livro "As Três Marias", com ilustrações de Aldemir Martins, em tradução inglesa, é lançado pela University of Texas Press, em 1964.
O golpe militar de 1964 teve em Rachel uma colaboradora, que "conspirou" a favor da deposição do presidente João Goulart.
O presidente general Humberto de Alencar Castelo Branco, seu conterrâneo e aparentado, no ano de 1966 a nomeia para ser delegada do Brasil na 21ª. Sessão da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, junto à Comissão dos Direitos do Homem.
Passa a integrar o Conselho Federal de Cultura, em 1967, e lá ficaria até 1985. Depois de visitar a escritora na Fazenda Não me Deixes, em Quixadá, o presidente Castelo Branco morre em desastre aéreo.
Estréia na literatura infanto-juvenil, em 1969, com "O Menino Mágico", em 1969.
No ano de 1975, publica o romance "Dôra, Doralina".
Em 1977, por 23 votos a 15, e um em branco, Rachel de Queiroz vence o jurista Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda e torna-se a primeira mulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras. A eleição acontece no dia 04 de agosto e a posse, em 04 de novembro.  Ocupa a cadeira número 5, fundada por Raimundo Correia, tendo como patrono Bernardo Guimarães e ocupada sucessivamente pelo médico Oswaldo Cruz, o poeta Aluísio de Castro e o jurista, crítico e jornalista Cândido Mota Filho.
Seu livro, "O Quinze", é publicado no Japão pela editora Shinsekaisha e na Alemanha pela Suhrkamp, em 1978.
Em 1980, a editora francesa Stock lança "Dôra, Doralina". Estréia da Rede Globo de Televisão a novela "As Três Marias", baseada no romance homônimo da escritora.
Com direção de Perry Salles, estréia no cinema a adaptação de "Dôra, Doralina", em 1981.
Em 1985, é inaugurada em Ramat-Gau, Tel Aviv (Israel), a creche "Casa de Rachel de Queiroz". "O Galo de Ouro" é publicado em livro. 
Retorna à literatura infantil, em 1986, com "Cafute & Perna-de-Pau".
A José Olympio Editora lança, em 1989, sua "Obra Reunida", em cinco volumes, com todos os livros que Rachel publicara até então destinados ao público adulto.
Segundo notícia que circulou em 1991, a Editora Siciliano, de São Paulo, pagou US$150.000,00 pelos direitos de publicação da obra completa de Rachel.
Já na nova editora, lança em 1992 o romance "Memorial de Maria Moura".
Em 1993, recebe dos governos do Brasil e de Portugal, o Prêmio Camões e da União Brasileira de Escritores, o Juca Pato. A Siciliano inicia o relançamento de sua obra completa.
1994 marca a estréia, na Rede Globo de Televisão, da minissérie "Memorial de Maria Moura", adaptada da obra da escritora. Tendo no papel principal a atriz Glória Pires, notícias dão conta que Rachel recebeu a quantia de US$50.000,00 de direitos autorais.
Inicia seu livro de memórias, em 1995, escrito em colaboração com a irmã Maria Luiza, que é publicado posteriormente com o título "Tantos anos".
Pelo conjunto de sua obra, em 1996, recebe o Prêmio Moinho Santista.
Em 2000, é publicado "Não me Deixes — Suas histórias e sua cozinha", em colaboração com sua irmã, Maria Luiza.
Em novembro deste ano, quando a escritora completou 90 anos de idade, foi inaugurada, na Academia Brasileira de Letras, a exposição "Viva Rachel". São 17 painéis e um ensaio fotográfico de Eduardo Simões resumindo o que os organizadores da mostra chamam de “geografia interior de Rachel, suas lembranças e a paisagem que inspirou a sua obra”.
Rachel de Queiroz chega aos 90 anos afirmando que não gosta de escrever e o faz para se sustentar. Ela lembra que começou a escrever para jornais aos 19 anos e nunca mais parou, embora considere pequeno o número de livros que publicou. “Para mim, foram só cinco, (além de O Quinze, As Três Marias, Dôra, Doralina, O Galo de Ouro e Memorial de Maria Moura), pois os outros eram compilações de crônicas que fiz para a imprensa, sem muito prazer de escrever, mas porque precisava sustentar-me”, recorda ela. “Na verdade, eu não gosto de escrever e se eu morrer agora, não vão encontrar nada inédito na minha casa”.
Recebe, em 06-12-2000, o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Em 2003, é inaugurado em Quixadá (CE), o Centro Cultural Rachel de Queiroz.

Faleceu, dormindo em sua rede, no dia 04-11-2003, na cidade do Rio de Janeiro. Deixou, aguardando publicação, o livro "Visões: Maurício Albano e Rachel de Queiroz", uma fusão de imagens do Ceará fotografadas por Maurício com textos de Rachel de Queiroz.
Obras:
Individuais:

- Romances:
- O quinze (1930)
- João Miguel (1932)
- Caminho de pedras (1937)
- As três Marias (1939)
- Dôra, Doralina (1975)
- O galo de ouro (1985) - folhetim na revista " O Cruzeiro", (1950)
- Obra reunida (1989)
- Memorial de Maria Moura (1992)
- Literatura Infanto-Juvenil:

- O menino mágico (1969)
- Cafute & Pena-de-Prata (1986)
- Andira (1992)
- Cenas brasileiras - Para gostar de ler 17.
- Teatro:

- Lampião (1953)
- A beata Maria do Egito (1958)
- Teatro (1995)
- O padrezinho santo (inédita)
- A sereia voadora (inédita)
- Crônica:

- A donzela e a moura torta (1948);
- 100 Crônicas escolhidas (1958)
- O brasileiro perplexo (1964)
- O caçador de tatu (1967)
- As menininhas e outras crônicas (1976)
- O jogador de sinuca e mais historinhas (1980)
- Mapinguari (1964)
- As terras ásperas (1993)
- O homem e o tempo (74 crônicas escolhidas}
- A longa vida que já vivemos
- Um alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas
- Cenas brasileiras
- Xerimbabo (ilustrações de Graça Lima)
- Falso mar, falso mundo - 89 crônicas escolhidas (2002)
- Antologias:

- Três romances (1948)

- Quatro romances (1960) (O Quinze, João Miguel, Caminho de Pedras,
As três Marias)

- Seleta (1973) - organização de Paulo Rónai
- Livros em parceria:

- Brandão entre o mar e o amor (romance - 1942) - com José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Aníbal Machado e Jorge Amado.

- O mistério dos MMM (romance policial - 1962) - Com Viriato Corrêa, Dinah Silveira de Queiroz, Lúcio Cardoso, Herberto Sales, Jorge Amado, José Condé, Guimarães Rosa, Antônio Callado e Orígines Lessa.

- Luís e Maria (cartilha de alfabetização de adultos - 1971) - Com Marion Vilas Boas Sá Rego.

- Meu livro de Brasil (Educação Moral e Cívica - 1º. Grau, Volumes 3, 4 e 5 - 1971) - Com Nilda Bethlem.

- O nosso Ceará (com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek), relato, 1994.

- Tantos anos (com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek), auto-biografia, 1998.

- O Não Me Deixes – Suas Histórias e Sua Cozinha (com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek), 2000.
Obras traduzidas pela escritora:

- Romances:

AUSTEN, Jane. Mansfield Parlz (1942).
BALZAC, Honoré de. A mulher de trinta anos (1948).
BAUM, Vicki. Helena Wilfuer (1944).
BELLAMANN, Henry. A intrusa (1945).
BOTTONE, Phyllis. Tempestade d'alma (1943).
BRONTË, Emily. O morro dos ventos uivantes (1947).
BRUYÈRE, André. Os Robinsons da montanha (1948).
BUCK, Pearl. A promessa (1946).
BUTLER, Samuel. Destino da carne (1942).
CHRISTIE, Agatha. A mulher diabólica (1971).
CRONIN, A. J. A família Brodie (1940).
CRONIN, A. J. Anos de ternura (1947).
CRONIN, A. J. Aventuras da maleta negra (1948).
DONAL, Mario. O quarto misterioso e Congresso de bonecas (1947).
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Humilhados e ofendidos (1944).
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Recordações da casa dos mortos (1945).
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os demônios (1951).
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os irmãos Karamazov (1952) 3 v.
DU MAURIER, Daphne. O roteiro das gaivotas (1943).
FREMANTLE, Anne. Idade da fé (1970).
GALSWORTHY, John. A crônica dos Forsyte (1946) 3 v.
GASKELL, Elisabeth. Cranford (1946).
GAUTHIER, Théophile. O romance da múmia (1972).
HEIDENSTAM, Verner von. Os carolinos: crônica de Carlos XII (1963).
HILTON, James. Fúria no céu (1944).
LA CONTRIE, M. D'Agon de. Aventuras de Carlota (1947).
LOISEL, Y. A casa dos cravos brancos (1947).
LONDON, Jack. O lobo do mar (1972).
MAURIAC, François. O deserto do amor (1966).
PROUTY, Oliver. Stella Dallas (1945).
REMARQUE, Erich Maria. Náufragos (1942).
ROSAIRE, Forrest. Os dois amores de Grey Manning (1948).
ROSMER, Jean. A afilhada do imperador (1950).
SAILLY, Suzanne. A deusa da tribo (1950).
VERDAT, Germaine. A conquista da torre misteriosa (1948).
VERNE, Júlio. Miguel Strogoff (1972).
WHARTON, Edith. Eu soube amar (1940).
WILLEMS, Raphaelle. A predileta (1950).
- Biografias e memórias:

BUCK, Pearl. A exilada: retrato de uma mãe americana (1943).
CHAPLIN, Charles. Minha vida (caps. 1 a 7 (1965).
DUMAS, Alexandre. Memórias de Alexandre Dumas, pai (1947).
TERESA DE JESUS, Santa. Vida de Santa Teresa de Jesus (1946).
STONE, Irwin. Mulher imortal (biografia de Jessie Benton Fremont (1947).
TOLSTÓI, Leon. Memórias (1944).

- Teatro:

CRONIN, A. J. Os deuses riem (1952).

Os dados acima foram obtidos em livros de e sobre a autora, sites da Internet, jornais e revistas de circulação nacional.





Manuel Bandeira

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma
é que estraga o amor.
S
ó em Deus ela pode encontrar satisfação.
N
ão noutra alma.
S
ó em Deus — ou fora do mundo.
As almas s
ão incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas n
ão.

Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho, nasceu em Recife (Pe), em 1886 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1968. Estudou no colégio Pedro II, no Rio de Janeiro e iniciou o curso de engenharia, em São Paulo, abandonando-o por motivo de saúde. Em busca da cura para a tuberculose, viajou para a Suíça, onde aproximou-se de poetas pró-simbolistas, entre eles Paul Éluard. Em 1917, retornou ao Brasil. Foi professor de literatura no colégio Pedro II e na faculdade Nacional de Filosofia (hoje, UFRJ). Em 1940, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras.

OBRAS

Poesia: A cinza das horas(1917); Carnaval(1919); Ritmo dissoluto(1924); Libertinagem(1930); Estrela da manhã(1936); Lira dos cinquent’anos(1940); Belo belo(1948); Estrela da vida inteira (1966).
Prosa: Crônicas da província do Brasil(1937); Guia de Ouro Preto(1938); Itinerário de Pasárgada (1954); Andorinha, andorinha(1966).




O caráter geral de sua poesia é marcado ainda pelo tom confidencial, pelo desejo insatisfeito, pela amargura e por referências autobiográficas relacionadas com a sua doença, com os lugares onde morou (sobretudo no bairro da Lapa no Rio de Janeiro) e com a família. Profundo conhecedor da técnica de composição poética por vezes aproveita-se das formas clássicas ou faz incursões às formas mais radicais das vanguardas, sem contudo perder a marca de absoluta simplicidade, predominante em sua obra.
Ainda que se note em várias passagens de sua obra a herança do Romantismo, Bandeira soube evitar o sentimentalismo piegas, edificando uma obra depurada e de grande valor estético.
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                                                                    Graciliano Ramos


Dizes que brevemente serás a metade de minha alma. A metade? Brevemente? Não: já agora és, não a metade, mas toda. Dou-te a minha alma inteira, deixe-me apenas uma pequena parte para que eu possa existir por algum tempo e adorar-te.
(Cartas de amor a Heloísa)


Texto de Homenagem a Graciliano Ramos, Grande Escritor Brasileiro reconhecido Internacionalmente, Publicado em muitos países e em muitos idiomas. Autor de muitas obras, consagradas no Brasil e no Mundo.
Graciliano Ramos Foi Prefeito de Palmeira dos índios, Alagoas, (onde nasceu) onde viveu uma experiência extraordinária em Educação, onde mesmo sem recursos para investimento na Educação Municipal, fez um projeto de convencimento e de formação da consciência dos alunos com palestras suas, em que Pobres e descalços frequentavam as aulas e, nas avaliações regulares, influenciados pelas palavras lembrando Castro Alves, ... ” começa a luta com a palavra”... logo passaram, a ocupar os primeiros lugares nas diversas classes dos colégios da cidade.
Graciliano Vai ser um especialista em Educação Popular e vai fazer palestras por todo Mundo.
Graciliano era muito respeitado pelos Sindicatos de Trabalhadores. No seu sepultamento no rio vieram delegações de todos sindicatos e de muitos estados. Graciliano Ramos Escritor, um Nordestino a nos Honrar.


Obras

Caetés (1933)
São Bernardo (1934)
Angústia (1936)
Vidas Secas (1938)
A Terra dos Meninos Pelados (1939)
Brandão Entre o Mar e o Amor (1942)
Histórias de Alexandre (1944)
Infância (1945)
Histórias Incompletas (1946)
Insônia (1947)
Memórias do Cárcere, póstuma (1953)
Viagem, póstuma (1954)
Linhas Tortas, póstuma (1962)
Viventes das Alagoas, póstuma (1962)
Alexandre e outros Heróis, póstuma (1962)
Cartas, póstuma (1980)
O Estribo de Prata, póstuma (1984)
Cartas a Heloísa, póstuma (1992)
Traduções
Graciliano Ramos também dominava o inglês e o francês. Realizou algumas traduções:

Memórias de um Negro de Booker T. Washington, (1940)
A Peste de Albert Camus, (1950)



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                                                                 José  Lins  do  Rêgo.




José Lins nasceu na Paraíba; seus antepassados, que eram em grande parte senhores de engenho, legaram ao garoto a riqueza do engenho de açúcar que lhe ocupou toda a infância. Seu contato com o mundo rural do Nordeste lhe deu a oportunidade de, nostalgicamente e criticamente, relatar suas experiências através das personagens de seus primeiros romances. Lins era ativo nos meios intelectuais. Ao matricular-se em 1920 na Faculdade de Direito do Recife, ampliou seus contatos com o meio literário de Pernambuco,

Ingressou no Ministério Público como promotor em Manhuaçu, em 1925, onde entretanto não se demorou, casando em 1924.

Em 1935, mudou-se para o Rio de Janeiro. Homem atuante, participava ativamente da vida cultural de seu tempo. Gostava de conversar, tinha um jeito bonachão e era apaixonado por futebol, ou melhor, pelo Flamengo. Seus livros são adaptados para o cinema e traduzidos na Alemanha, França, Inglaterra, Espanha, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.

Despojamento

O estilo de José Lins é inteiramente despojado e sem atitudes ou artifícios literários. Ele próprio via a si mesmo como um escritor instintivo e espontâneo, chegando a apontar que suas fontes da arte narrativa estavam nas ruas: "Quando imagino nos meus romances tomo sempre como modo de orientação o dizer as coisas como elas surgem na memória, com os jeitos e as maneiras simples dos cegos poetas."Apesar desta simplicidade linguística com que escreve,ele descreve com muita técnica os estados psicológicos de seus personagens,seguindo,assim,uma linha inaugurada por Proust.Além disso,ele tem um domínio da tradição literária e consegue fazer uma crítica dos hábitos em um estilo que lembra Thomas Hardy.

Fortuna crítica e legado

Durante seu tempo de vida, José Lins foi lido e criticado por todos os grandes intelectuais do país. Mesmo o seu livro de estreia, Menino de Engenho, foi assim descrito por João Ribeiro, um dos mais importantes críticos literários da época:
"Bem examinadas as coisas, este livro pungente é de uma realidade profunda. Nada há nele que não seja o espelho do que se passa na sociedade rural e na das cidades do Norte e do Sul do Brasil. É de todo o Brasil e um pouco de todo o mundo." — José Ribeiro.

Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 15 de setembro de 1955, para a cadeira 25.
Romances
Coletânea de Crônicas
  • Gordos e magros (1942). Rio de Janeiro, Casa do Estudante do Brasil.
  • Poesia e vida (1945). Rio de Janeiro, Universal.
  • Homens, seres e coisas (1952). Rio de Janeiro, Serviço de documentação do Ministério da Educação e Saúde.
  • A casa e o homem (1954). Rio de Janeiro, Organização Simões.
  • Presença do Nordeste na literatura brasileira (1957). Rio de Janeiro, Serviço de Documentação do Ministério da Educação e Saúde.
  • O vulcão e a fonte (1958). Rio de Janeiro, O Cruzeiro.
  • Dias idos e vividos - antologia (1981). Seleção, organização e estudos críticos de Ivan Junqueira. Uio tie Janeiro, Nova Fronteira.
  • Ligeiros Traços: escritos de juventude (2007). Seleção, organização e notas de César Braga-Pinto. Rio de Janeiro: Editora José Olympio.
Prefácios
Infanto-juvenil
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                                                    Ariano Suassuna


Ariano Vilar Suassuna (João Pessoa, Paraíba16 de junho de 1927) é um dramaturgo, romancista e poeta brasileiro. É um dos mais importantes dramaturgos brasileiros, autor dos célebres Auto da Compadecida e A Pedra do Reino, é um defensor militante da cultura do Nordeste radicado em Recife, Pernambuco.



BIOGRAFIA

Ariano Vilar Suassuna (João Pessoa, 16 de junho de 1927) é um dramaturgo, romancista e poeta brasileiro. É um dos mais importantes dramaturgos brasileiros, autor dos célebres Auto da Compadecida e A Pedra do Reino, é um defensor militante da cultura do Nordeste. 

BIBLIOGRAFIA

* Uma mulher vestida de Sol, (1947);
* Cantam as harpas de Sião ou O desertor de Princesa, (1948);
* Os homens de barro, (1949);
* Auto de João da Cruz, (1950);
* Torturas de um coração, (1951);
* O arco desolado, (1952);
* O castigo da soberba, (1953);
* O Rico Avarento, (1954)
* Auto da Compadecida, (1955);
* O casamento suspeitoso, (1957);
* O santo e a porca, (1957);
* O homem da vaca e o poder da fortuna, (1958);
* A pena e a lei, (1959);
* Farsa da boa preguiça, (1960);
* A Caseira e a Catarina, (1962);
* As conchambranças de Quaderna, (1987);
* Fernando e Isaura, (1956)"inédito ate 1994";

ROMANCE

* A História de amor de Fernando e Isaura, (1956)
* O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, (1971).
* História d'O Rei Degolado nas caatingas do sertão/Ao sol da Onça Caetana, (1976).

POESIA

* O pasto incendiado, (1945-1970)
* Ode, (1955)
* Sonetos com mote alheio, (1980)
* Sonetos de Albano Cervonegro, (1985)
* Poemas (antologia), (1999)

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João Cabral de Melo Neto


"...E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina."
(Morte e Vida Severina)

João Cabral de Melo Neto
nasceu na cidade de Recife - PE, no dia 09 de janeiro de 1920,
passa a infância em engenhos de açúcar.Em 1940 viaja com a família para o Rio de Janeiro, onde conhece Murilo Mendes. Esse o apresenta a Carlos Drummond de Andrade e ao círculo de intelectuais que se reunia no consultório de Jorge de Lima.É removido, em 1947, para o Consulado Geral em Barcelona, como vice-cônsul. Adquire uma pequena tipografia artesanal, com a qual publica livros de poetas brasileiros e espanhóis.É removido para Madri, como primeiro secretário da embaixada. Publica, em Madri.Toma posse na Academia em 06 de maio de 1969, na cadeira número 6.
 Melo


Obras:
Pedra do sono (1942); O engenheiro (1945); Psicologia da composição (1947); O cão sem plumas (1950); O no (1954); Morte e vida severina (1956); Paisagem com figuras (1956), Uma faca só lâmina (1956); A educação pela pedra (1966); Museu de tudo (1975); Auto do frade (1984); Agrestes (1985); Crime na Calle Relator (1987).

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Vida

José Martiniano de Alencar nasce no dia primeiro de maio de 1829, na localidade de Mecejana no Ceará, filho do senhor José Martiniano de Alencar (deputado pela província do Ceará), foi jornalista, político, advogado, orador, crítico, cronista, polemista, romancista e dramaturgo brasileiro. Foi casado com Ana Cochrane. Irmão do diplomata Leonel Martiniano de Alencar, barão de Alencar, e pai de Augusto Cochrane de Alencar.

 É o fruto de uma união ilícita e particular do pai com a prima Ana Josefina de Alencar, Nos anos de criança e adolescente, é tratado dentro da família pelo apelido de Cazuza. O pai de José de Alencar assume o cargo de senador do Rio de Janeiro em 1830, obrigando a família a se mudar para a capital federal. No Diário do Rio de Janeiro acontece sua estreia como romancista: em 1856 sai em folhetins, o romance Cinco Minutos. Ao final de alguns meses, completada a publicação, juntam-se os capítulos num só volume que é oferecido como brinde aos assinantes do jornal.

Com Cinco Minutos e, logo em seguida, A Viuvinha, Alencar inaugura uma série de obras em que busca retratar (e questionar) a forma de vida na Corte.

Lucíola, finalmente, resume toda a questão de uma sociedade que transforma amor, casamento e relações humanas em mercadoria: o assunto do romance, a prostituição, obviamente mostra a degradação que o dinheiro pode levar o ser humano a fazer.

Entre Cinco Minutos (1856) e Senhora (1875), decorrem quase vinte anos e muitas situações polêmicas, entretanto ocorreram. Para o teatro, produz ainda a opereta A Noite de São João e a peça O Jesuíta. O debate em torno de As Asas de Um Anjo não é a primeira nem será a última polêmica enfrentada pelo autor. De todas, a que mais interessa para a Literatura é anterior ao caso com a Censura e relaciona-se ao aproveitamento da cultura Indígena como tema literário. Segundo os estudiosos, é este o primeiro debate literário realmente brasileiro. Quando resolve assumir o Diário do Rio de Janeiro, Alencar pensa também num veículo de comunicação que lhe permita expressar livremente suas idéias. É nesse jornal que trava sua primeira polêmica literária e política. Nela, o escritor confronta-se indiretamente com o imperador D. Pedro II.

Seja qual for o motivo, essa polêmica tem interesse fundamental. De fato, nessa época discute-se o que será o verdadeiro nacionalismo na Literatura Brasileira, que até então tinha sofrido grande influência da Literatura Portuguesa. Coube-lhe a homenagem de ser patrono da cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras. Nas discussões que antecederam a fundação da academia, seu nome foi defendido por Machado de Assis para ser o primeiro patrono, ou seja, nominar a cadeira 1. Mas não poderia haver hierarquia nessa escolha, e resultou que Adelino Fontoura, um autor quase desconhecido, veio a ser o patrono efetivo.
Produziu romances urbanos (Senhora, 1875; Encarnação, escrito em 1877, ano de sua morte e divulgado em 1893), regionalistas (O Gaúcho, 1870; O Sertanejo, 1875) e históricos (Guerra dos Mascates, 1873), além de peças para o teatro. Característica de sua obra é o nacionalismo, tanto nos temas quanto nas inovações no uso da língua. Em um momento de consolidação da Independência, Alencar representou um dos mais sinceros esforços patrióticos em povoar o Brasil com conhecimento e cultura próprios, em construir novos caminhos para a literatura no país. Em sua homenagem foi erigida uma estátua no Rio de Janeiro.

Características da obra de Alencar

José de Alencar é o grande nome da prosa romântica brasileira, tendo escrito obras representativas para todos os tipos de ficção românticos: passadista e colonial (O Guarani, 1857), indianista (Iracema, 1865), sertaneja (O Sertanejo, 1875).

Pode-se dividir, didaticamente, a obra de Alencar em indianista (O Guarani, 1857; Iracema, 1865; Ubirajara, 1874); urbana (Lucíola, 1862; Diva, 1864; Senhora, 1875), regionalista (O Gaúcho, 1870; O Sertanejo, 1875) e históricos (Guerra dos Mascates (primeiro volume), 1873).

Seus grandes mestres são o francês Chateubriand e o escocês Walter Scott. Mas também o influenciaram muito os escritores Balzac e Alexandre Dumas.

A obra de José de Alencar pode ser dividida em dois grupos distintos

Quanto ao espaço geográfico
O sertão do Nordeste - O Sertanejo
O litoral cearense - Iracema
O pampa gaúcho - O Gaúcho
A zona rural - Til (interior paulista), O Tronco do Ipê (zona da mata fluminense)
A cidade, a sociedade burguesa do Segundo Reinado - Diva, Lucíola, Senhora e os demais romances urbanos.

Quanto à evolução histórica
O período pré-cabralino - Ubirajara.
A fase de formação da nacionalidade - Iracema e O Guarani.
A ocupação do território, a colonização e o sentimento nativista - As Minas de Prata (o bandeirantismo) e Guerra dos Mascates (rebelião colonial).
O presente, a vida urbana de seu tempo, a burguesia fluminense do século XIX - os romances urbanos Diva, Lucíola, Senhora e outros.

Obras

Romances
Cinco minutos, 1856
A viuvinha, 1857
O guarani, 1857
Lucíola, 1862
Diva, 1864
Iracema, 1865
As minas de prata - 1º vol., 1865
As minas de prata - 2.º vol., 1866
O gaúcho, 1870
A pata da gazela, 1870
O tronco do ipê, 1871
Guerra dos mascates - 1º vol., 1871
Til, 1871
Sonhos d'ouro, 1872
Alfarrábios, 1873
Guerra dos mascates - 2º vol., 1873
Ubirajara, 1874
O sertanejo, 1875
Senhora, 1875
Encarnação, 1893

Teatro
O crédito, 1857
Verso e reverso, 1857
Demônio familiar, 1857
As asas de um anjo, 1858
Mãe, 1860
A expiação, 1867
O jesuíta, 1875

Crônica
Ao correr da pena, 1874

Autobiografia
Como e por que sou romancista, 1873

Crítica e polêmica
Cartas sobre a confederação dos tamoios, 1856
Ao imperador:cartas políticas de Erasmo e Novas cartas políticas de Erasmo, 1865
Ao povo:cartas políticas de Erasmo, 1866
O sistema representativo, 1866


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ARTHUR AZEVEDO E SUA OBRA

Arthur Nabantino Gonçalves de Azevedo nasceu em São Luís, MA, em 7 de julho de 1855. Foi, ao lado do irmão Aluísio, um dos fundadores da ABL, na qual criou a cadeira 29, que tem como patrono Martins Pena.
Arthur Azevedo foi jornalista, poeta, contista e teatrólogo. Entre seus companheiros figuravam Olavo Bilac e Coelho Neto.
Foi um dos grandes defensores da abolição da escravatura, tendo escrito as peças O Liberato e A Família Salazar, esta última escrita em colaboração com Urbano Duarte, proibidas pela censura do Império, e mais tarde, publicadas em um volume intitulado O escravocrata.
Sua ligação com o teatro se reflete nos quatro mil artigos sobre eventos artísticos, publicados em jornais de grande circulação da época tais como O País, O Diário de Notícias e O Mequetrefe, no qual teve importante participação como articulista.
Embora já escrevesse contos desde 1871, foi só em 1889 que se animou a reunir alguns deles no volume Contos Possíveis, dedicado a Machado de Assis.
Simultaneamente aos contos e artigos, desenvolvia também os teatros de revista, ou somente revistas que o projetaram como um dos maiores teatrólogos brasileiros do gênero.
Além disso, durante três décadas lutou pela construção do Teatro Municipal, a cuja inauguração não pôde assistir.
Sua produção em revista é a seguinte:
Em 1884, escreve, com Moreira Sampaio, a revista O Mandarim. Sai O escravocrata, reunião de duas peças anteriores (O Liberato e A família Salazar), escrito em colaboração de Urbano Moraes.
Em 1885, publica, em parceria com Moreira Sampaio, Cocota.
Em 1886 sai a revista O Bilontra, escrita conjuntamente com Moreira Sampaio, e Mercúrio,encenada no teatro Lucinda.
Em 1887, assinada por Arthur Azevedo e Moreira Sampaio, estréia no teatro O Carioca.
O Homem sai em 1887, e também é escrita pela dupla Arthur Azevedo e Moreira Sampaio. A revista é baseada no romance homônimo do irmão de Arthur, o naturalista Aluísio Azevedo.
Em 1889 Azevedo e Sampaio lançam, no Teatro Santana, a revista Dona Sebastiana
Em 1890 sai a revista A República, publicada juntamente com o irmão Aluísio. A estréia da revista foi no dia 26 de março do mesmo ano; composta por 13 quadros, parece ter sido um dos poucos sucessos de 90; Rose Villiot, uma das estrelas do gênero de revista da época, representou o papel da República.
No ano de 1892 sai O Tribofe, assinada somente por Arthur Azevedo.
Em 1897 sai Capital Federal.
Em 1898, O Jagunço.
Em 1899, Arthur Azevedo "empresta" de Os Miseráveis, de Vitor Hugo, a personagem de um herói adolescente, cujo nome era Gavroche, para dar nome à sua revista.
Em 1902 publica O retrato a óleo
Em 1907 escreve O dote, que segundo a crítica é umas de suas mais bem acabadas revistas.
Os contos e poesias de Arthur Azevedo publicados são os seguintes:

Carapuças, poesias (1871); Sonetos (1876); Um dia de finados, sátira (1877); Contos fora da moda (1894); Contos efêmeros (1897); Contos em Verso (1898); Vida Alheia, contos (1929); O Oráculo (1956); Teatro (1983).
Arthur Azevedo faleceu no dia 22 de outubro de 1908.

Referência: PAIVA, S. C. Viva o Rebolado! Vida e Morte do Teatro de Revista Brasileiro Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1991.

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Flávio José - A natureza das coisas.

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